domingo, 31 de março de 2019

Piodão

Piodão








Há muito tempo que falava em conhecer a aldeia de Piodão, o que acabou por acontecer. Há cerca de dois meses fui, num pulinho, ali dois dias, ao centro do país. (Não fui, fomos 10, na realidade!)
Era uma viagem gira para se fazer em grupo, achamos nós, e levou o planeamento necessário para que não houvesse grandes discórdias. E sabem que mais? Somos muito bons a achar, porque o grupo funciona muito bem e porque o centro do país vale realmente a pena.
Pormenores amigos? Cá vai disto! Sábado de manhã a rapaziada juntou-se toda, e seguiu, rumo á cidade de Coimbra onde rumamos para o alojamento reservado no Booking, Sotam Country House ( onde mais para a frente quero fazer um post só dedicado á casa) uma casa de campo, onde a calma e a tranquilidade são a palavra do dia. Da parte da tarde visitamos as aldeias de Cerdeira e Talasnal que também vai merecer um post mais para a frente.Infelizmente foi me apercebendo ao longo da viagem que muita desta paisagem não é verde, porque foi terrivelmente afectada pelos incêndios á dois anos, mas lentamente a coisa vai-se compor. Foi com um nó na garganta que imagino o pânico que os moradores da aldeia sentiram nos dias dos incêndios. Foi triste ver a paisagem preta em vez de verde.
São vinte e sete as aldeias que compões as chamadas aldeias de xisto e estão todas na região centro divididas por grupos: Serra da Lousã, Serra do Açor, Zêzere e Tejo.
Domingo ficamos por Piodão. A aldeia ter-se-á desenvolvido de um anterior castro lusitano " Casal de Piodam", hoje em dia em ruínas. A aldeia histórica de Piodão é uma das mais belas e genuínas povoações portuguesas, sábio exemplo do harmonioso diálogo entre o Homem e a Natureza, sendo conhecida como "Aldeia Presépio". Dizem que o aspecto da luz artificial lhe confere, durante a noite, conjugado pela disposição das casas faz com que recebesse a denominação de "Aldeia Presépio". Piodão está localizada no concelho de Arganil e distrito de Coimbra, situada na serra do Açor e Parque Natural da Serra da Estrela e faz parte da rede das Aldeias Históricas de Portugal desde 1991. Magnífica em qualquer estação do ano, no Inverno, quando neva, a aldeia apresenta um rosto alvo invulgarmente sedutor e na Primavera ao verde dos pinheiros que revestem a serra junta-se o amarelo das giestas e o lilás das urzes num quadro de raro encanto.
Esta terra de difícil acesso, onde já os Lusitanos apascentavam os seus rebanhos em segurança, foi desde tempos remotos local de eleição para os fora-da-lei, abrigando, entre outros, Diogo Lopes de Pacheco, o único dos assassinos de D. Inês de Castro que escapou á vingança de D. Pedro.
Os acessos para Piodão não são os melhores, bastantes dificultados pela topografia do terreno, mas esta condicionante não é suficiente para nos desencorajar a visitar um destino tão ímpar, que já foi galardoado com o Galo de Prata como aldeia mais típica de Portugal nos anos 80. Ainda na estrada que serpenteia por entre a serra e que nos há-de fazer chegar ao sopé da aldeia, já se via mais em baixo o casario de xisto e telhados negros.





O povoado constitui um conjunto arquitectónico muito homogéneo, com uma disposição concentrada das habitações em encosta voltada para o rio, usando como materiais de construção o xisto e a lousa. As habitações possuem as tradicionais paredes em xisto, tecto coberto com lajes e as portas são pintadas de cor azul, alternando com o branco das janelas. Ninguém sabe explicar muito bem a origem da escolha desse tom de azul que sobressai nas paredes escuras de xisto. Há quem diga que era a única cor existente á venda na loja da aldeia e por essa razão, as portas e janelas foram sendo pintadas nessa cor que lhes fica tão bem.  Á volta do aglomerado, mostra-se a paisagem agrícola moldada pelo homem através dos socalcos que parecem acompanhar a disposição das residências dos habitantes de Piodão.



Olhando para o conjunto, surgem em destaque a Igreja Matriz, o edifício pintado de azul e branco que contrasta com o resto do edificado. Este imóvel datado do século XVIII e com restauro na fachada no final do século XIX, é uma das grandes atracções da povoação. Surpreendentemente branca num povoado de escuro xisto, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição foi edificada no local de um mosteiro cisterciense e reconstruída., num estilo a fazer lembrar o "gótico alentejano".
No topo do povoado, encontra-se outro templo de interesse para visitar, a capela de S. Pedro ( padroeiro de Piodão e em honra do qual se fazem, a 29 de Junho, as festas anuais da aldeia)
Além do património arquitectónico existem alguns equipamentos que merecem uma visita e que não fui visitar: o Núcleo Museológico ( onde está também sediado o posto de turismo) que alberga uma exposição permanente com um acervo de peças que mostram o modus vivendi dos habitantes da aldeia e a praia fluvial, um bom local para mergulhar nas águas límpidas da ribeira de Piodão.




Chegados a Piodão no largo da aldeia, o colorido das bancas de artesanato serrano, dá-nos as boas-vindas, roupas de lã, cestaria, pequenas cópias de casas de xisto, mel enriquecido com frutos secos, potes de mel de flores silvestres, pão, broa de batata, licores de castanha e de amora,aguardentes de medronho e de mel podem aqui ser compradas e outras deliciosas especialidades gastronómicas. Pequeno pedaços da serra que se podem levar para casa. Feitas as presentações, uma pequena passagem estreita leva-nos á descoberta da beleza das casas da aldeia. Andamos pelas ruelas ( confesso que aquelas subidas são um óptimo exercício) e passamos no meio das casinhas, apreciamos as construções todas em xisto, caminhamos no meio da natureza e tiramos imensas fotos. Percorrer os seus "labirínticos "corredores permite descobrir curiosos pormenores, como por exemplo
por cima de algumas portas, veem-se cruzes de madeira pregadas na parede que os habitantes acreditam serem um amuleto contra as trovoadas, que aqui são bravas e podem chegar a assustar os corações mais sensíveis, apelam á protecção de S. Bárbara nos dias e noites de tempestade.
A visita á aldeia faz-se rápido, pois é um sítio pequenino. Acho que em uma hora, percorremos a maior parte da aldeia.






Era hora de aconchegar o estômago  resolvemos almoçar num restaurante logo á entrada  " Delicias de Piodão" com uma ampla esplanada e vista para todo o vale circundante. Este espaço apresenta uma decoração moderna, com grandes janelas envidraçadas. O ambiente é sóbrio e informal e ás mesas chegam pratos tradicionais da região. Cabrito assado no forno, bacalhau assado no forno,  javali, chanfana á moda da serra e bucho serrano são os pratos regionais mais populares que atraem os visitantes. A Chanfana a o javali fizeram as delicias de alguns de nós. Hoje em dia com uma boa oferta turística, Piodão tem espaços de alojamento e de restauração e diversas lojas com o que mais tradicional se produz na aldeia.
O avançar dos ponteiros do relógio é impiedoso juntamente com a chuva que não parava fizeram com que tivéssemos que regressar sem visitar Foz d' Égua, um lugar que dizem encantador com um pequeno rio, um moinho e uma ponte suspensa muito pitoresca. Dizem ser um local romântico e aprazível que mais parece ter sido construído para o cenário de um qualquer filme de conto de fadas.
A quem não conhecia esta zona do país, levantei um pouco a ponta do véu sobre a beleza que a Serra do Açor teima em esconder. Nos seus recantos escondem-se muitos encantos.
Não são só as grandes cidades ou as mais turísticas que merecem a nossa atenção e visita. O nosso
o país é rico em cantos e recantos por visitar. Acham que precisam de mais razões para se fazerem á estrada e visitar Piodão?
Tem sugestões de sítios a visitar dentro do género? Gostam destes passeios por cá?







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